sexta-feira, 29 de abril de 2011

Que país é esse?


O texto da música do Legião Urbana poderia delinear mais os contornos do Brasil. Poderia explorar melhor os problemas que faz do país uma nação confusa e de grandes contraste. Mas aí o autor perderia o gancho poético e o impacto de seu refrão não seria o mesmo. Ainda mais quando o país dá mais atenção a uma cerimônia de casamento da realeza de um país estrangeiro do que a seus problemas internos.

O Brasil de hoje enfrenta diversos problemas de infra-estrutura que vão desde seus meios de transportes à geração de energia. São rodovias em péssimo estado de conservação e processos de licitação envolvidos em negociações obscuras, apesar do princípio da publicidade ao qual os atos da administração pública estão vinculados; são privatizações realizadas de forma canhestras e frouxas permitindo a particulares o enriquecimento veloz e nenhuma mudança vantajosa para o cidadão que paga por todas as negociatas. São embargos ambientais e manifestações de desabrigados por barragens; são os produtores de cana-de-açúcar que deixam de plantar para força a valorização de seu produto; são os aeroportos que não suportam mais o fluxo de passageiros domésticos e ainda estão ameaçados com o incremento de passageiros estrangeiros propiciados pelo turismo em torno dos eventos esportivos que acontecerão nos próximos anos... O brasileiro não tem alimento em sua mesa, mas comparece às festas vestindo os melhores estilistas.

Que país é esse que interrompe seus noticiários nacionais e locais apenas para transmitir na íntegra e ao vivo uma cerimônia de casamento que ocorre na Inglaterra? Como um país forte pode conviver demonstrando tanto provincialismo e ainda pleitear um assento fixo no conselho de segurança da ONU? Se o Brasil quiser ser tratado como um igual, deve imediatamente se comportar de forma mais altiva e demonstrar menor subserviência aos pseudo-impérios mundiais.

É preciso parar, pensar e responder imediatamente a essa pergunta que não é retórica:

Que país é esse?

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Desarmar, por quê?

Mesmo tendo decidido de forma soberana que não gostaria de que a venda legal de armas fosse proibida no país, o povo volta a ser ameaçado com uma nova consulta que tem todos os contornos de ser apenas uma medida oportunista e não exatamente uma demonstração de preocupação do legislador com a preservação da vida.

A verdade é que desatinos ocorrem diariamente e que vez ou outra acabam por ceifar vidas quase sempre inocentes, mas será que o desarme da sociedade é a melhor resposta? Esquecem-se os ciosos defensores do desarmamento que não se comete homicídio apenas com armas de fogo. Armas de fogo sequer são o meio mais eficiente para matar. Esquecem-se ainda que a proibição do comércio legal de armas não evitaria que os homicidas adquirissem suas armas de fogo no mercado negro, porque esse jamais foi efetivamente combatido. Não se pode dizer que existe uma possibilidade de combatê-lo.

A quem interessa, de fato desarmar a sociedade?

O ESTADO demonstra ter esse interesse com vista a preservação da vida. Ora, demonstre-se isso através de políticas públicas sérias. A começar pelo acompanhamento de distúrbios mentais e pela correção de desigualdades sociais; demonstre-se isso controlando efetivamente o trânsito e a concessão de licenças para dirigir veículos automotores, cassando inclusive as licenças de todos que forem flagrados dirigindo embriagado, participando de rachas e confisque-se o veículo de sua propriedade; Demonstre-se isso oferecendo boa educação, inclusive dotando as escolas de maior segurança para alunos e professores. Não é plausível que professores tenham medo de seus alunos e estes tenham medo de visitantes.

Não há como elencar todas as obrigações básicas olvidadas pelo ESTADO em seu esforço para manter sua aparente preocupação em preservar a vida de seus cidadãos.

Contra a política de desarmamento até as estatísticas se posicionam: Nos EUA onde o acesso do cidadão à arma de fogo é bem facilitado, no ano passado aconteceram apenas quinze mil mortes por arma de fogo, enquanto no Brasil, registrou-se a incrível marca de ciquenta mil mortes nas mesmas circunstâncias.

Ainda não sei como nossos legisladores e governantes pensam em desarmar a sociedade apenas retirando as armas de fogo das ruas e dos lares.
Penso que a tarefa se não é impossível é inócua, por duas razões simples: Só os cidadãos bem intencionados, que tentam se afinar com a lei entregam de fato suas armas. Segundo porque não adianta sumir com as armas de fogo. Mata-se com faca, espetinhos de churrasco e até com material escolar. Desarmar é preciso, mas não nossas mãos e sim nossos corações.